Pelo Mundo de Hoje está em Curitiba
A Mayara Soboleski, 29 anos, Curitibana. Quis ser e é Bailarina!Abaixo mais do que sua história, uma mensagem de encorajamento.
Conte aqui sua História, Cora Belarmino Pelo Mundo.
Conte aqui sua História, Cora Belarmino Pelo Mundo.
" Minha vida no ballet começou aos sete anos, no colégio Decisivo onde eu estudava e fazia ballet no contra-turno duas vezes por semana. Fui me apaixonando e meus pais me colocaram em uma escola especializada, mas não deixei o ballet do colégio, pois nessa altura já tinha vários compromissos com o grupo de dança; E o que eram duas vezes por semana já tinha virado minha vida. Dancei semi - profissionalmente no clássico até os dezesseis anos, passando pelos grandes festivais e escolas. Foi quando decidi experimentar algo novo e parti para o contemporâneo na Téssera, cia da UFPR, estive lá por pouco tempo, mas o suficiente para aprender coisas que carrego até hoje comigo. Nesse tempo mantive trabalhos paralelos ao da companhia, como musicais e espetáculos infantis.
Aos dezenove anos decidi mudar novamente o rumo da minha vida e recebi o maior presente de todos, meu filho Thiago, então apenas cumpri alguns trabalhos pendentes e me dediquei ao meu novo amor, pois a dança já não era tão importante perto do que eu tinha em meus braços. O ballet clássico, então já havia sido esquecido por pelo menos três anos.
A vida seguiu, hoje junto com meu marido temos uma rede de pizzarias e passo meus dias trabalhando nelas para ajudá-lo. Mas a rotina de trabalho, o casamento e a maternidade me fizeram perceber algo que ainda havia um espaço em branco em minha vida. E com um convite da minha antiga professora do Decisivo, Beatriz Blohm, tudo começou a mudar. Fui chamada para substituí-la em uma licença médica e assumi as turmas e o espetáculo de fim de ano da escola, foi um grande desafio! E foi lindo, o Thiago já com sete anos estava sempre presente comigo e se interessou muito pelo hip-hop, então ele participou da apresentação também. Foi lindo vê-lo no palco, e toda a emoção após a apresentação. Decidi que era hora de voltar ao ballet. Procurei uma escola e voltei a fazer aulas, no inicio, fazer aula era minha intenção, não achei que voltaria aos palcos de forma alguma. O ballet era apenas uma forma de relaxar e sair da rotina pesada de trabalho. Mas o amor adormecido voltou com toda força, e tudo foi acontecendo naturalmente. Fui novamente contagiada pela magia dos palcos, ensaios e figurinos... Não pude apenas ficar nas aulas, os palcos me chamaram e eu atendi o chamado deles. Assim como as oportunidades de ensinar os pequenos, que surgiram em minha vida como um presente. Atualmente tenho seis turmas de dança e baby-class, três delas são no meu antigo colégio, o Decisivo, onde tenho a honra de ter passado a maioria da minha vida e ter tido a oportunidade de estar com pessoas maravilhosas.
E assim o ballet foi acontecendo em minha vida....
Conciliando o trabalho na pizzarias do meu marido, o casamento, a maternidade, os afazeres domésticos com os ensaios ( que são muitos), as aulas, as provas de figurinos, as minhas seis turmas e algumas viagens que o ballet me proporcionou.
Esse ano tive a chance de estar com grandes nomes do cenário nacional em São Paulo e no Rio de Janeiro, fazendo cursos e apresentações, experiencias maravilhosas, com mestres incríveis. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente grandes bailarinos e professores, recebendo suas correções e ensinamentos. Estar com essas pessoas me deu muita força para continuar dançando.
Eu sou uma mulher comum de 29 anos, que trabalha, cuida do filho, da casa, do marido e dos cachorros como tantas outras mulheres espalhadas por esse mundo, mas que ama o ballet e que quer acabar com os preconceitos de que mulheres com essa idade não podem dançar ( bem) e ao mesmo tempo terem uma vida normal. O preconceito é o que mais sofro, poucas pessoas me apoiam, mas eu sei que posso! Eu sei que mulheres podem sim ser bailarinas, com qualquer idade, qualquer corpo e podem encantar platéia por onde passarem apenas pelo seu amor à dança. Não quero ser uma bailarina de companhia, ou viver do ballet, muito menos ganhar grandes festivais e competições apenas quero estar no palco, nas coxias, sentir essa emoção ao receber os aplausos, e já que alguém sempre estará me assistindo, eu me dedico! Pois quem está na platéia merece o meu melhor e ele só virá com muito trabalho. Quando estou no palco apenas o meu coração me move, é quando desligo o mundo e posso apenas ser eu, e sei que a beleza dos movimentos está muito mais na emoção em viver o momento do que na técnica mostrada. Você não precisa ser nova para começar no ballet. Ballet não é coisa criança e adolescente. Bailarinas mantem- se jovens não apenas na aparência, mas também no coração, pois seu universo é transitar entre contos de fadas e historias lúdicas, fazendo com que em sua essência ainda permaneça a doçura e a leveza que as crianças carregam consigo e transmitem ao mundo com o sorriso mais sincero.. Isso faz meus dias melhores!
As foto são do Manoel Guimarães, feitas em algumas sessões que fui convidada por ele.
Mayara Soboleski."
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